domingo, 16 de março de 2014

FESTA DE SÃO JOSÉ —19 DE MARÇO

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ —19 DE MARÇO 
Em corpo e alma na glória do Céu
São Francisco de Sales sustenta a tese. de que quando Cristo ressuscitou, São José também recuperou seu corpo para entrar no Paraíso junto com as almas de todos os justos que nesse momento foram libertadas do Limbo e alcançaram a visão beatífica. “E se é verdade, o que devemos acreditar, que em virtude do Santíssimo Sacramento que recebemos nossos corpos ressuscitarão no dia do Juízo, como poderíamos duvidar que Nosso Senhor tenha feito subir ao Céu, em corpo e alma, o glorioso São José que teve a honra e a graça de levá-Lo em seus benditos braços, nos quais Nosso Senhor tanto secomprazia?”13
Em favor disso argumentam ainda outros santos e doutores,14 apoiando-se na estreita intimidade que uniu a Sagrada Família aqui na Terra. Se Jesus e Maria subiram em corpo glorioso ao Céu, não é compreensível que não esteja lá também São José, pois o próprio Nosso Senhor afirmou: “Não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19, 6; Mc 10, 9). Por conseguinte, segundo uma forte corrente teológica, dado que esta união é querida por Deus, há três pessoas em corpo e alma na bem-aventurança eterna, antes mesmo da ressurreição final no último dia: Nosso Senhor Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José.
Ao considerarmos, admirados, a figura de São José e a elevação inimaginável de sua vocação — a ponto de ser impossível cogitar outra mais alta —, vemos que ele está tão acima da nossa condição que o julgamos na mesma proporção de Maria. Cabe, pois, perguntar: acaso foi ele concebido sem pecado original? Até hoje o Magistério da Igreja não afirmou o contrário de ma neira definitiva, razão pela qual podem ser feitas considerações teológicas favoráveis a tal hipótese.
ACORRAMOS A SÃO JOSÉ!
Ante os horizontes grandiosos que a contemplação amorosa da figura de São José nos descortina, podemos centrar agora nossa atenção em sua missão de Patriarca da Igreja e protetor de toda a ação dela. Qual é essa ação? Distribuir as graças como administradora dos Sacramentos, que tornam efetivo o desígnio de salvação de Cristo. A Igreja, no seu nascedouro, reduzia-se a Jesus e a Maria, que obedeciam a São José como Patriarca e chefe da Sagrada Família. Essa relação entre Filho e pai se mantém na eternidade, de modo que Nosso Senhor atende com particular benevolência aos pedidos feitos por São José.
Em nossos dias encontramo-nos em uma situação de decadência moral terrível, talvez pior do que aquela na qual viviamos homens quando Nosso Senhor Jesus Cristo. Se encarnou e São José recebeu as primIcias da Igreja em suas mãos, O mundo inteiro está imerso no neopaganismo; os crimes e abominações que se cometem hoje são, às vezes, piores que os da Antiguidade. Mas tal como nos seus primórdios a Igreja propagou a Boa-nova do Evangelho e deu início a uma era de graças purificadoras e santificadoras da sociedade, também podemos ter a certeza firme e inabalável de que eia triunfará sobre o mal em nossos dias. Por isso, a Solenidade de São José é o dia especialíssimo para abrir nossos corações à devoção a este tão grande Santo, na certeza de sermos bem conduzidos, bem tratados e bem amparados. E valendo-nos de seu poderoso auxílio, devemos pedir-lhe, enquanto Patriarca da Igreja, que intervenha nos acontecimentos, obtendo de Jesus a renovação da face da Terra.
1) Cf. ALASTRUEY, Gregorio. Tratado de la Virgen Santísima. 4.ed. Madrid: BAC,1956, p.841.
2) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. I, q.50, a.1, ad 1. 4
3) Cf. CLA DIAS, EP, João Scognamigijo. Dois silêncios que mudaram a História. In: Arautos do Evangelho. São Paulo. N.108 (Dez., 2010); p.10-17;
4) AUTOR INCERTO. Opus impetfectum in Matthæum. Hom.I, c.1: MG 56, 633.
5) Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. In IV Sent. D.30, q.2, a.2, ad 5.
6) DE ISOLANO, OP, Isidoro. Suma de los dones de San José. II, c.11. In: LLAMERA, OP, Bonifacio Teología de San José. Madrid: BAC, 1953, p.484-485.
7) Cf. SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.31, a.2.
8) TUYA, OP, Manuel de; SALGUERO, OP, José. Introducción a la Biblia. Madrid: BAC, 1967, vIl, p.316.
9) SÃO FRANCISCO DE SALES. Entretien XIX. Sur les vertus de Saint Joseph. In: OEuvres Complètes. Opuscules de spiritualité Entretiens spirituels. 2.ed. Paris: Louis Vivès, 1862, t.III, p.54 1.
10) Cf. LLAMERA, op. cit., p.129-139.
11) SAO TOMAS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.27, a.4.
12) SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO. Trad. Portuguesa da 2a. edição típica para o Brasil realizada e publicada pela CNBB com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica. 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.563.
13) SÃO FRANCISCO DE SALES, op. cit., p.546.
14) Cf. SAO BERNARDINO DE SENA. Sermones de Sanctis. De Sancto Joseph Sponso Beatæ Virginis. Sermo I, a.3. In: Sermones Eximü. Veneza: Andreæ Poletti, 1745, t.IV, p.235; DE ISOLANO, op. cit., IV, c.3, p.629-630.


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